E que povos da Atlântida se estabeleceram um dia no território brasileiro e terminaram originando nações que hoje conhecemos como culturas indígenas brasileiras?Lendo diretamente os registros espirituais de tempos remotos, o autor desta fascinante história, verídica em todos os detalhes, levanta o véu da História não contada da terra brasileira, e nos leva a conhecer intimamente a vida da colônia atlante estabelecida há 40.000 anos no litoral do Estado do Espírito Santo.Uma narrativa intensa e vívida, tecida com os fios de vários dramas de fascinantes personagens que construíram o destino da Terra das Araras Vermelhas.Uma história apaixonante, que irá seduzir o leitor pela riqueza de informações inéditas sobre a história remota.
Terra Das Araras Vermelhas.pdf
Originado num cataclismo celeste causado por uma enorme briga entre parentes, o mundo terreno foi o palco de um acordo político entre aqueles que, por serem causadores da tragédia inaugural, foram condenados a viver no chão. A divisão em pequenos subgrupos, independentes e autônomos, mas integrados numa rede de prestação intercomunitária, sobretudo para as temporadas de caça e festas, teria sido estabelecida como uma espécie de pacto a garantir a não repetição dos conflitos que deram origem à vida terrena. Também o etnônimo de que se servem tem relação com o mito de origem: Ukarãngmã - quase que literalmente "povo das araras vermelhas"- é como se denominam, numa referência à participação que aqueles pássaros teriam tido logo após a tragédia que deu origem ao mundo terreno. No mito, foram as araras vermelhas que tentaram levar de volta aos céus muitos dos que de lá caíram.
Do ponto de vista do simbolismo associado aos ritmos econômicos, carne e bebida se articulam num sistema cujo eixo principal é a doutrina nativa sobre a circulação de uma substância vital, a que chamam ekuru. Passando do sangue dos animais abatidos à terra, e desta aos líquidos que nutrem e fazem crescer os vegetais, a substância vital é o objeto principal do desejo, e não apenas dos seres humanos, mas também de todos os seres que habitam o mundo: objeto de uma predação generalizada no mundo, a substância vital ekuru é o que os humanos buscam adquirir através da morte dos animais na caça e da transformação dos vegetais na bebida fermentada, chamada piktu, fonte primordial de aquisição de substâncias vitais pelos humanos.
A capacidade da terra em reprocessar as substâncias vitais, transformando-as nos nutrientes dos vegetais com os quais os humanos fazem bebidas, orienta também as práticas funerárias Arara. De hábito, os Arara não enterram seus mortos, mas lhes reservam uma plataforma na floresta, no interior de uma pequena casa funerária levantada especialmente para cada ocasião. Afastado da terra, o morto deve ir secando gradativamente, perdendo o que ainda lhe restava de substâncias vitais para o conjunto de seres metafísicos que passam a rondar os cadáveres, alimentando-se daquilo que antes dava vitalidade ao defunto. A funerária Arara é, assim, uma espécie de devolução das substâncias vitais que os humanos extraem do mundo; uma troca ou reciprocidade escatológica para com os demais seres do mundo.
13 Sumário Relação de personagens...15 Apresentação...17 Introdução: A história da História...19 Nota da segunda edição O olho que vê A luz na montanha sagrada Escrito nas estrelas Águia e morcegos O inverno do medo A primeira luz da manhã A escola era o recreio Artes brancas e negras A mão sábia da lei Crepúsculo vermelho Tornozeleiras de penas Medicina ancestral Um par de sapatos para um par de pés Um colar de sementes Como se Pássaro fazendo ninho O giro das estrelas Profeta em sua terra Uma lua após a outra Inverno no coração Como o céu e a terra O ano do salmão morto Um dia para ficar na História O vento da ira Como o sol da primavera Na aldeia dos onondagas Sombra de uma noite escura A rocha na correnteza Lobo à margem do rio A água que alimenta o sonho Uma ave na luz do Sol
14 32. Nuvens no nascente A curva triste da estrada Uma lança de luz Na curva do rio Noite de lua minguante Feras Quando as estrelas caíram O silêncio do rio O dia da grande paz Muitos sóis e muitas terras Tudo está sempre dentro da Lei Muita neve na floresta O vôo da águia Nos Campos Floridos Anexo Mariléa de Castro e Roger Feraudy
17 Apresentação O leve farfalhar das folhas do arvoredo; o suave murmúrio do regato, correndo por entre os seixos coloridos e se espraiando pela terra afora; o odor inconfundível dos pinheiros, que se erguem apontando o céu; as flores de diversos matizes, que na primavera vestem a mãe terra de policrômicas nuanças; o lago de águas mansas, espelho de prata quando visitado pela Lua e de um dourado intenso quando o Sol no verão se derrama em sua águas claras; o ruído do vento cantando por entre as tendas, pondo melodias em sua passagem, que somente os ouvidos atentos podem escutar; o tam-tam dos tambores rituais, que transmitem às mais distantes plagas notícias urgentes; o cheiro inconfundível das ervas maceradas pelos xamãs em suas bacias de barro, feitas para dar felicidade, coragem nas batalhas, propiciar caçadas abundantes, curar males físicos e da alma, os incompreendidos males do amor; a alegria das danças, das canções, do sussurro dos jovens casais que se procuram, nas sombras da noite, na eterna busca de sua alma gêmea; o rio caudaloso, serpenteando por entre as colinas, abraçando as margens verdejantes, como os amantes ternos enlaçam suas amadas, e oferecendo de forma indiscriminada a enorme variedade de seus frutos; a alegria da liberdade do pele-vermelha, mas ao mesmo tempo sabendo ser responsável por seu destino, comandante de sua alma, o que o torna consciente de ser uno com toda a Criação, existindo apenas como uma centelha e parte do Grande Espírito... 17
18 Todas estas lembranças adormecidas no fundo da minha alma, repleta de nostalgia dessa vida que passou, mas eternamente presente na memória, despertam agora com tudo que há de belo e sublime encerrado no recesso de meu coração, gruta secreta que por vezes deixa escapar em pequenas doses as memórias mais queridas, que alimentam agora minha saudade. Nesse cenário de paz, nessa terra em que a raça vermelha construiu suas nações com lutas, esperanças e vitórias, é que foi contada a história verdadeira do povo iroquês. Não é um relato de índios peles-vermelhas e seus confrontos para a sobrevivência ante as invasões dos caras-pálidas, nem tampouco de aventuras tão a gosto do homem branco, que se julga superior e dono da verdade, olhando com desprezo os pobres selvagens que dançam em torno de uma fogueira. Não; essa é a história verídica de uma idéia. A história de um homem tocado pela graça do Grande Espírito, que trouxe para todo o povo iroquês as verdades eternas há séculos sem conta preconizadas pelos sublimes mestres. Em sua fala mansa, mostrou que todos os homens são iguais, que nosso próximo é nosso irmão, que todos estão ligados por laços indissolúveis a toda a natureza, que as nações iroquesas poderiam viver em paz, e que todos os seres criados pelo Grande Espírito são unos. As cinco nações iroquesas, pacificadas por sua palavra doce e por vezes candente, dobraram-se ao seu encanto, à magia de seus ensinamentos, e contando com leais amigos, que se dedicaram inteiramente aos seus propósitos, esse grande mestre, metamorfoseado em índio da raça vermelha Haiawatha criou a Federação Iroquesa, que por mais de 200 anos congregou as nações dispersas e independentes numa só, o povo iroquês. Esta é uma história para ser lida com a mente, mas também com o coração; pois por trás das mensagens verídicas, das líricas histórias de amor, das façanhas de bravos guerreiros, do holocausto voluntário por uma idéia em que acreditavam e pela qual morreram, iremos encontrar o doce mestre que veio ensinar a todos nós que somente no amor se encontra a salvação do homem. Tomawak 18 Mariléa de Castro e Roger Feraudy
20 Era nada menos que a história autêntica de Haiawatha, o enviado do Grande Espírito, um grande ser (que a humanidade conheceu alhures sob outros nomes célebres, como o de Pitágoras e o de Sri Swami Rama-tys, ou simplesmente Ramatís, como quis ser conhecido no século XX), 3 que idealizou e concretizou a grande Federação Iroquesa. Esse projeto de paz e universalismo reuniu inicialmente as cinco nações do ramo iroquês numa liga federativa. Posteriormente, incluiu como aliados mais cinco nações pele-vermelhas. Mas pretendia mais. A proposta de Haiawatha era estendê-la a todas as nações de raça vermelha do continente e depois aos demais povos do planeta. Uma irmandade de filhos do Grande Espírito ou seja, todos os homens mantendo sua autonomia local, mas participando de um governo único. A grande paz estendida a todos os horizontes do mundo. Uma só pátria para toda a humanidade. E ela foi compreendida e aceita pelos peles-vermelhas primitivos e funcionou por quase dois séculos e meio, um modelo de democracia, fraternidade e paz, com um conselho igualitário e um molde de consenso nas decisões, entre homens livres e iguais, numa sociedade sem classes e absolutamente socialista. Enquanto isso, os civilizados europeus se matavam em guerras de Cem e Trinta Anos, queimavam hereges na Inquisição, trucidavam povos colonizados e viviam em monarquias absolutistas ou semifeudais, com servos chicoteados e camponeses famintos, banqueiros enriquecendo, mendigos pelas ruas e plebeus marginalizados convivendo com uma aristocracia cega, e banquetes refinados esbanjando o que escasseava a crianças famintas (mudou muito?). Os brancos colonizadores, forjados nesses moldes, foram incapazes de perceber o óbvio sob seus narizes truculentos: os avançados princípios éticos desses povos ameríndios, a beleza do avançado modelo social fraterno e igualitário, e da estrutura política que garantia a paz entre essas nações a herança de Haiawatha. Aceitar que todos os homens são filhos do mesmo Grande Ser, 4 que todos são livres e iguais, e que os bens da terra devem 3 A partir da metade do século XX, ele ditou, através do médium Hercílio Maes, de Curitiba, uma série de 15 obras, já com milhares de livros editados, e desde então há incontáveis seguidores e simpatizantes de sua mensagem de inovadoras instruções espirituais, inúmeros grupos e centros com seu nome. A AFRAM Associação das Fraternidades Ramatís fundada em 1996, congrega um expressivo número de entidades ramatisianas e afins. Outros médiuns também receberam, posteriormente, obras psicografadas de Ramatís. 4 Há a história do chefe índio que dizia a um truculento general branco que as terras dos peles-vermelhas lhes haviam sido dadas por Deus, e o outro ironizou: A 20 Mariléa de Castro e Roger Feraudy 2ff7e9595c
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